Em uma cerimônia marcada por emoção, cultura e celebração, o prefeito Eduardo Braide entregou, nesta sexta-feira (28), uma das maiores obras de restauração já realizada no Centro Histórico de São Luís: o Complexo Trapiche Santo Ângelo. Com mais de 14 mil m² recuperados e R$ 60 milhões investidos, o espaço renasce como um polo cultural, administrativo, turístico e de inovação.
A obra contou com recursos da Prefeitura de São Luís, do Banco Nacional
de Desenvolvimento Social (BNDES) e da Vale S.A., por meio da Lei
Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet). A Fundação Municipal de
Patrimônio Histórico (Fumph) foi responsável técnica pelo processo de
restauro, acompanhamento e fiscalização.
Durante a solenidade, acompanhado da primeira-dama Graziela Braide, da
vice-prefeita Esmênia Miranda, secretários e autoridades, o prefeito
destacou a importância histórica do complexo e o esforço conjunto para
sua recuperação.
“O Trapiche renasce para São Luís. Mais de 200 anos de história nos contemplam nesse momento. Este espaço resume grande parte da história de São Luís. Ele ficou abandonado por muito tempo, e hoje renasce graças ao trabalho de tantas mãos. Quero agradecer a todos os técnicos que tornam obras como esta possíveis e agradecer ao BNDES e a Vale que se uniram nessa missão tão importante de preservar o nosso patrimônio histórico. A partir de segunda-feira, mais de 500 pessoas passarão a trabalhar aqui diariamente. Estamos devolvendo vida a este lugar. Peço à população, cuidem bem do Trapiche Santo Ângelo. Este espaço pertence a vocês”.
Braide informou, ainda, que o novo complexo estará aberto à população e conta com restaurante-escola, espaços culturais, centro de inovação, monitoramento de segurança 24h, além da instalação de cinco secretarias municipais, que saem do aluguel e passam a economizar R$ 1.560.000,00 dos cofres públicos.
Solenidade
A inauguração ocorreu com apresentações de grupos de bumba meu boi dos
principais sotaques do Maranhão: Boi de Santa Fé (Baixada), Sociedade de
Cururupu (Costa de Mão), Boi de Axixá (Orquestra), Boi da Fé em Deus
(Zabumba) e Boi de Maracanã (Matraca). Cada apresentação antecedeu o
descerramento das placas de inauguração de cada um dos armazéns.
Durante a cerimônia, também foi formalizada a parceria entre a
Prefeitura e o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac Maranhão, que instalará no
Armazém 3 o restaurante-escola do Senac, integrando formação
profissional e promoção da gastronomia maranhense.
Representando o BNDES, a diretora de Relações Institucionais Luciane
Gorgulho celebrou a entrega e destacou o impacto cultural e econômico do
espaço.
“Este é um dos três maiores projetos de patrimônio histórico apoiados
pelo BNDES. Foram R$ 33 milhões investidos para que São Luís recuperasse
este espaço, que agora será um centro de cultura e economia criativa. O
Trapiche devolverá dinamismo econômico, emprego, renda e novas
oportunidades à cidade.”
O diretor de Engenharia da Vale, Davi Abreu, destacou a parceria entre a
empresa e a Prefeitura, ressaltando o compromisso conjunto com a
preservação da história e da cultura maranhense.
“A Vale incentiva mais de 20 projetos culturais no Maranhão, e este é um
motivo de orgulho para nós. Como maranhense, fico feliz em ver um
espaço como o Trapiche renascer com essa força. A parceria com a
Prefeitura demonstra que cultura também é desenvolvimento".
Emocionada, a presidente da Fumph, Kátia Bogéa, ressaltou o simbolismo
da obra. “Hoje entregamos uma das maiores restaurações já feitas no
Centro Histórico. O patrimônio resiste. O Trapiche era uma ruína, e
agora ressurge magnífico. Esta entrega é um marco para São Luís”, disse
Kátia, que também destacou o papel da educação patrimonial, lembrando o
programa “Patrimônio nas Escolas”, que já alcançou mais de 40 mil
estudantes da rede municipal de ensino.
O Armazém 3 agora recebe o nome de Luiz Phelipe Andrès, engenheiro e pesquisador que liderou a candidatura de São Luís a Patrimônio Mundial pela Unesco em 1997 e dedicou a vida à preservação do Centro Histórico. No local foi implantado o restaurante-escola do Senac, em parceria com o Sistema Fecomércio/Sesc/Senac Maranhão. Um espaço que unirá formação profissional e gastronomia, promovendo capacitação, geração de oportunidades e valorização da culinária maranhense.
Dona Teté (Almerice da Silva Santos) batiza o Armazém 4. Dama da cultura popular e criadora do célebre Cacuriá de Dona Teté, que encantou gerações com sua irreverência e criatividade. Neste local funcionará a Secretaria Municipal de Inovação, Sustentabilidade e Projetos Especiais (Semispe) e o Centro de Criatividade e Inovação de São Luís (CECHICS), polo de economia criativa, empreendedorismo e inovação.
O Armazém 5 leva o nome de Humberto de Maracanã (Humberto Barbosa
Mendes): amo, cantador e poeta do bumba meu boi, autor de toadas
imortalizadas como “Maranhão, meu tesouro, meu torrão”. O espaço será
destinado ao Espaço Cultural Humberto de Maracanã (multiuso), de apoio
às atividades do CECHICS e da comunidade do Centro Histórico.
População celebra a entrega
A inauguração atraiu moradores e visitantes que elogiaram a iniciativa. O
aposentado José Ribamar Moreira, morador de São Luís desde 1969,
resumiu o sentimento popular.
“Nunca vi um prefeito com essa coragem de recuperar um lugar que estava
em ruínas. Isso aqui é história do Maranhão. Tem que conservar. É bom
para nós que somos daqui e para quem visita. São Luís merece”.
Alcir Soares, empresário há 40 anos em São Luís, complementou. “É
maravilhoso ver esse espaço recuperado. A cidade ganha um novo
cartão-postal, e nós ganhamos orgulho renovado da nossa história. Isso
incentiva o turismo, o comércio e faz a gente acreditar nas
transformações que a cidade pode viver”.
Memória
Construído entre o fim do século XIX e início do XX, o Trapiche Santo Ângelo foi um importante entreposto comercial e industrial da capital. Serviu ao beneficiamento de produtos como algodão, abrigou a primeira prensa industrial do estado e integrou o antigo sistema de geração de energia de São Luís.
Após décadas de abandono, o espaço ressurge como símbolo de reconexão com a história portuária e fabril da cidade, agora aliado à inovação, cultura e desenvolvimento.



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