A recente decisão do ministro Luiz Fux de deixar a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) e migrar para a Segunda Turma promete alterar significativamente o equilíbrio interno da Corte. A mudança, confirmada pelo presidente do STF, Edson Fachin, nesta semana, ocorre logo após a aposentadoria do ministro Luís Roberto Barroso, e já movimenta os bastidores do Judiciário.
Fux vinha atuando na Primeira Turma ao lado de Cármen Lúcia, Cristiano Zanin, Flávio Dino e Alexandre de Moraes. Em julgamentos recentes, o ministro se destacou por posições firmes e isoladas — como no processo que tratou das acusações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus por tentativa de golpe de Estado. Seu voto, de mais de 15 horas, contrariou o entendimento majoritário dos colegas.
Com a saída de Fux, a Primeira Turma passa a ter uma configuração quase inteiramente composta por ministros indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Entre eles estão Zanin, Dino e Cármen Lúcia — esta última nomeada ainda em seu segundo mandato, em 2006. A tendência é de que esse alinhamento ganhe ainda mais força com a provável chegada de Jorge Messias, atual advogado-geral da União e apontado como o favorito para ocupar a vaga deixada por Barroso.
Nos corredores do Supremo, a leitura é de que a migração de Fux não é apenas uma mudança administrativa, mas também um movimento estratégico que pode redefinir o equilíbrio político e jurídico entre as turmas. A Segunda Turma, para onde Fux está indo, é vista como um colegiado mais heterogêneo, com decisões que costumam ter impacto direto em casos sensíveis e de grande repercussão.
A expectativa, portanto, é de que a reconfiguração interna do STF mude o tom dos julgamentos nos próximos meses — especialmente em temas de alta temperatura política. Enquanto isso, nos bastidores, cresce a percepção de que a Corte está passando por uma nova fase de recomposição de forças, em que cada mudança de cadeira conta muito mais do que parece à primeira vista.

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